Tecnologias digitais: a porta de entrada para o futuro das profissões

É um programa criado em 2021 pela Bosch, em parceria com o Senai. Em sua fase piloto, em Campinas (SP), contava com 17 aprendizes e tinha foco exclusivo em automação inteligente. Desde então, expandiu os cursos e a abrangência: é oferecido também em Curitiba (PR) e Joinville (SC). A ideia surgiu da dificuldade de encontrar no mercado pessoas qualificadas para a nova realidade digital.

• Público-alvo: jovens de 16 a 19 anos
• Custo: gratuito
• Horário: de segunda a sexta-feira, manhã e tarde (um período na Bosch, outro no Senai)
• Duração: dois anos
• Requisito: ensino Médio completo ou em formação
• Nível de ensino: técnico, com diploma reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC)
• Objetivo: Formar talentos digitais, ou seja: profissionais que combinam criatividade, pensamento crítico e domínio das tecnologias para, com uso de ferramentas digitais, transformar dados e ideias em soluções.

Os alunos recebem formação no curso Técnico em Soluções Digitais, abrangendo trilhas de aprendizagem que tratam, por exemplo, de:

• Automação Inteligente - Foco em automatização de processos. Inclui linguagens de programação, plataforma de pesquisa e automação, certificação para capacitação na melhoria de processos e integração entre diferentes sistemas.
• Inteligência Artificial - Voltado à criação de sistemas que aprendem e tomam decisões. Inclui linguagens de programação, aprendizado de máquina, deep learning, redes neurais, bancos e tratamento de dados.
• Análise de Dados - Formação para interpretar dados e transformá-los em informações estratégicas. Os alunos aprendem a extrair, inserir, armazenar e analisar grande quantidade de informações.
• Desenvolvimento de Software (Frontend e Backend) - Abrange a criação de aplicativos, sites e sistemas digitais — desde o que o usuário vê na tela até os mecanismos internos que fazem tudo funcionar.
• Trilhas Especiais - Formações complementares em áreas como cibersegurança, inteligência artificial generativa, Web 3.0 e design para produtos digitais.

A primeira parte é dedicada à formação teórica, dada por professores do Senai. No restante, os alunos colocam a mão na massa, vivendo na prática a rotina de uma empresa. Nessa etapa, são acompanhados por instrutores do programa e por especialistas da Bosch, para desenvolverem tanto habilidades técnicas quanto de comportamento.

Confira o que os estudantes aprendem nos quatro semestres:

• 1º e 2º semestres - Ao entrar na academia, os futuros profissionais digitais têm aulas com professores no Senai e treinamentos na Bosch. Nessa fase, começam a aplicar o que aprenderam e a interagir nas áreas internas da empresa.
• 3º semestre - É a etapa em que podem aprofundar seus conhecimentos em áreas como automação inteligente, inteligência artificial, ferramenta de gestão empresarial SAP, análise de dados, desenvolvimento de software e design digital (UX/UI).
• 4º semestre - Vivência prática profissional como colaboradores contratados da Bosch, em diferentes áreas. Essa é a hora de aplicar tudo o que foi aprendido, para trabalhar na solução de problemas reais da empresa. Os aprendizes elaboram projetos e desenvolvem seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
• Ao longo do curso - Os alunos participam de um a dois hackathons, em que são desafiados a desenvolver soluções digitais em apenas uma semana.

A imersão no ambiente real de inovação e tecnologia, com teoria e prática caminhando juntas desde o início, é um dos grandes diferenciais da DTA. Também a mentoria contínua, que fortalece o aprendizado e prepara os jovens para o mercado. Mas as vantagens vão além:

• Aulas de inglês: Essenciais num mundo interconectado, em que grande parte das tecnologias de ponta é criada em países de língua inglesa ou divulgada em inglês.
• Intercâmbio: Os melhores aprendizes de cada turma vão ter experiência em unidades da Bosch na Alemanha. É uma oportunidade de conhecer novas culturas, ampliar experiência e engajar-se em projetos internacionais.
• Registro em carteira: Os estudantes recebem todos os benefícios previstos em lei para os aprendizes, como registro na carteira de trabalho, salário, férias, FGTS e auxílio para alimentação e transporte.
• Grande chance de ser contratado: Essa é a cereja do bolo: a maioria já sai com um emprego garantido. Dos 200 alunos formados pela DTA até agora, 95% tornaram-se funcionários efetivos da Bosch.

Não é preciso ter qualquer experiência com tecnologia para concorrer a uma vaga. O essencial é interessar-se por aprender e se desenvolver em um ambiente inovador.

Desde a criação dos cursos, mais de 21 mil estudantes se inscreveram. A seleção é feita em três etapas:

• 1. Prova de conhecimentos gerais - Avalia conhecimentos do nível de Ensino Médio em matemática, lógica, informática e interpretação de texto. Cerca de 2.500 candidatos cumprem essa etapa a cada seleção.
• 2. Dinâmica de grupo - Os alunos que passam na primeira fase – em torno de 400 – seguem para este ciclo, em que são avaliadas as habilidades de colaboração e resolução de problemas.
• 3. Entrevistas individuais com instrutores do programa de formação da Bosch - Têm o objetivo de conhecer perfil, motivação e afinidade com as áreas digitais. A preferência é por pessoas que mostrem capacidade de estar sempre aprendendo e se adaptando às mudanças tecnológicas. Em geral, 190 candidatos participam dessa etapa e, ao final, são selecionados em torno de 64 aprendizes.

A próxima turma, cujo processo seletivo já está em andamento, começa em janeiro de 2026. Uma nova seleção será aberta no meio do ano. Os candidatos devem enviar um currículo, como para uma vaga de emprego, pelo sistema de recrutamento da Bosch (a vaga estará identificada como Aprendiz de Soluções Digitais).

O curso é inclusivo e diverso. Em 2025, 58% dos alunos eram mulheres (algo pouco comum na área de ciência e tecnologia), 30% negros e 7% pessoas com alguma deficiência.

O sucesso do projeto em Campinas levou à criação, em 2023, do curso de Técnico em Soluções Digitais, em Curitiba (PR) e Joinville (SC), com conteúdos adaptados às necessidades regionais. Na capital paranaense, são oferecidas 18 vagas anualmente a partir de janeiro. Em Santa Catarina, 20 vagas a cada dois anos.

A DTA não forma talentos apenas para o futuro. Ainda durante o curso, os alunos colecionam várias conquistas, desde a participação no desenvolvimento de soluções da Bosch até importantes premiações na área de tecnologia – aprendizes da academia estavam entre os participantes do projeto Celonis, que levou o primeiro lugar no Process Analytics & Mining Award.

Veja alguns dos vários exemplos das contribuições dos aprendizes às equipes da Bosch:

• Um sistema que usa Web3.0 para transformar os carros em um meio de pagamento inteligente;
• Criação de um modelo que antecipa possíveis falhas na cadeia de suprimentos.
• Desenvolvimento de uma ferramenta que usa IA Generativa para melhoria de processos em larga escala.

Assim como o universo tecnológico, a academia está sempre em evolução. Para chegar aos mil talentos digitais formados até a próxima década, a DTA está entrando na fase 2.0, que prevê um mecanismo de aceleração para tirar do papel ideias rapidamente, transformando desafios reais de negócios em soluções escaláveis, com suporte de IA e tecnologias digitais.